19.11.08

pai de santo

ah... então é natal.
minha são paulo escurece, o asfalto sujo continua sujo
mas as poças dele, refletem luzes de escolas, casas, puteiros, lojas...
é natal em todo lugar. e mesmo eu achando completamente desnecessário.
fica bonito de se ver. é... acho que fica sim.
na chacara da sua tia-avó que você não o ano inteiro.
mas decora o texto padrão caso você tire ela de amigo secreto é só ler e fingir que é uma carta.
não vejo sentimentos, eu vejo desculpas, eu vejo farsa.
eu vejo carência e medo, de chegar o ano novo e passar pro outro ano, sem abraços.

ah... e ano novo também.
é hora de fazer promessas pro novo ano,
é hora de se desculpar pelo velho ano.
quando as luzes lançadas e compradas a preço de banana explodem no ar.
ai sim, é a hora.
hora de pedir.
pedir de novo, pedir mais.
prometer de novo, prometer mais.


as praias lotam, os santos ocupam-se, de tantos pedidos.
o super mercado pequeno da esquina, se enfeita inteiro e pisca com o resto da cidade.
as lanchonetes e botecos se estufam daquelas caixinhas feitas em casa, escrito "colabore com um novo ano mais feliz para nossas crianças doentes". crianças essas, que pedirão perdão por ter usado tal frase pra poder comprar aquele vestido branco e abarrotar ele com areia. da praia.
a iemanja coitada, essa sofre.
as pessoas se lotam de sopa de ervilha, de pular sete ondas, de colocar semente de romã na carteira, não sei como ainda não inventaram alguma coisa que as façam dar o cu alegando que no próximo ano o intestino vai funcionar sem activia.

"ano que vem, eu paro de beber."
"ano que vem, eu vou estudar bem mais."
"ano que vem, eu vou comprar aquela casa."
"ano que vem, eu começo a procurar emprego"

ano que vem pra mim, é quando eu faço aniversário.
porque ai sim, começa meu novo ciclo.
e nada que é tão universal quanto o reveillon me atrai.
e eu nunca passei de branco. nem uso calcinha rosa pra atrair amor.
nem nele eu acredito muito...

eu só me divirto com tanta superstição,
e assisto assim, de camarote.
pessoas chorando de emoção, e bebendo bastante.
pra depois voltar pra casa, de carro.
claro.

nada muda, é só um número.
NOVE no lugar do OITO
o que aproxima o fim do mundo, que vem no DOZE.
não posso deixar de ressaltar.

Nenhum comentário: