7.7.08

amador

era mais ou menos conhecido pra mim o fato de eu não poder prever e avaliar, a cada momento do cotidiano, os riscos de viver. Riscos de morte e de dor, riscos de prazer e de fortuna, tanto faz, o acaso é o mesmo ou o destino da gente está sempre previamente traçado de cabo a rabo. Outra coisa: teria valido a pena minha intervenção voluntária sobre as forças que determinam o destino ou sobre as que se divertem ao acaso com nossa vida?

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pois é... sobre isso eu já pensei, que minha vida talvez tivesse sido bem mais original e livre se eu pudesse compreender a necessidade de a gente se valer a tudo que se perde por sobrar, do que a gente faz sem querer, entre o que se quer fazer. Minha vida, não teria sido, inclusive, bem mais minha se eu não tivesse deixado de sentir o desconhecido e de ousar o temido, por covardia, impostura, moralismo, ingenuidade e fé?

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sinceramente, suponho eu que teria sido poeta, um músico ou um amante, se tivesse podido me utilizar das fantasias, dos tesões, das mentiras, dos erros, das loucuras, dos orgasmos, dos mistérios da noite... além de tudo que me foi tirado e do que não soube dar. Assim, acabou resultando que estou aqui, mas não sou nada, como um fantasma, um personagem de sonho, porque tive o insano desejo, a pretensão absurda e ridícula de escolher.

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