30.3.10

dont u shiver.

2010 pra mim tá sendo a união de todos os meus outros anos de vida.
parece mais ainda que acaba no doze.
to vendo tudo acontecendo outra vez. como se fosse aqueles programas que passam na globo que mostram o que passou até agora, ah, retrospectiva.

eu perdi o emprego que eu mais amava na minha vida.
não sei guardar a lingua dentro da boca, e aqui se faz, aqui se paga.
descobri que emprego é igual namoro.
eu não posso ouvir falar o nome Dolce. eu não posso ver fotos de lá, das pessoas de lá.
das paredes de lá.
me dói tudo, da um frio na espinha quando eu lembro da minha mesa, desordenada.
sai de lá aos prantos, fiquei aos prantos, ainda estou aos prantos.
parece que nenhum outro lugar no mundo, vai ter tudo que tinha lá.
igual os namorados e namoradas que a gente perde por ai e sempre acha que não vai ter outra pessoa na face da terra capaz de te acordar com chamego, te beijar com amor, e te comer com tesão.
puta quel pariu .
puta quel pariu.
ai você se deprime, vai pro bar com as amigas enxe o cu de pinga.
se olha no espelho com a cara embriagada sentada no vaso do banheiro.

quando eu abri aquele portão branco empoeirado no meio da avenida pacaembu, e cruzei a esquina.
sentei no chão, coloquei uma música depre acendi um cigarro e fiquei no sol. meia hora, soluçando feito namorada que perde o namorado.
ou namorada que perde a namorada.
não quero falar de sexo.
to tentando falar de amor.
mas não sei mais falar das coisas como eu falava antes.
eu fiquei pela metade.

existem três pedaços na nossa vida que nos mantem em pé.
carreira
amor
saúde

eu errei na primeira, na segunda, e na terceira.

e agora, entro dentro de um carro de um amigo numa quarta feira a noite de calor.
e vou pro mundo. metrópole vazia, sujeira pra lá e pra cá. olhares maléficos.
e eu fico ali firme. porque eu tenho que esquecer.
a Dolce é a mulher da minha vida.

nunca, nunca me perguntem onde eu trabalho, no que, com quem eu trabalho.
é ofensivo. é como perguntar pra um viúvo, quem ele ama.

Nenhum comentário: