18.6.08

Marlboro;

ela se cansou, e pegou seus pertences, eu de longe, já comecei a observar tudo. abriu três sorrisos e saiu, andava rápido, e aquilo me encantou, andava rápido como eu, mas não por pressa, por costume, dava pra sentir, é costume. a gente passou quase que no mesmo compasso por um restaurante, onde um quase-senhor usava um Creation9 e comia rápido, não por pressa, mas por feiura.
ia lá, andando, como eu já disse, e procurando alguma coisa na bolsa grande, e preta.
saiu de lá um cano curto, e branco, parecia com um cigarro, mas ela fazia tudo tão rápido que eu não consegui enxergar mesmo, o que era.
anda, anda, chega no ponto, respira ofegante, o cansaço de um dia... cansativo.
eu tinha certeza de que ela gostaria muito de estar em casa, e não, na chuva.
opa, chegou a minha lotação, sai na frente, queria atropelar todo aquele bando de gente, nossa como eu odeio muvuca.
ela vem atras, delicada, e com cara de boa moça. ¬¬ perdeu todos os livros que eu poderia escrecver pra ela ao longo de minha vida.entrou na lotação e ficou pertinho de mim, como se eu tivesse alguma coisa pra fornecer.
eu cheguei, desci, e ela vem atrás.eu sei muito dela, tem cheiro de leite ninho ainda, e sempre sempre vai precisar amar alguém na vida. olha só o que ela tá ouvindo agora, musiquinha de bixa do caralho. é, perdi mesmo o encanto.ela olhou pra mim e disse:
-você sempre me olha assim.
-é. sempre. costumo usar meus dois olhos também.
-que rude, não é preciso usar tais palavras.
-imagino que não.

como eu detesto ela, com a sua voz doce e cabelos cor de tinta.como eu detesto ela, e a sua carinha de menina que presta.detesto o valor que ela da pra cada uma das pessoas que entram na vida dela, e detesto, mais ainda, o jeito com que ela toma cada atitude.continuei andando pra casa, menosprezando a existência dela, mas ouvindo cada pensamento da mesma.quase uma música gospel.prefiro que ela seja grossa ou o que quer que ela queira ser, eu vou me manter aqui, firme e alegre.tenho as minhas verdades comigo, e não preciso de um tênis na moda.sempre tem alguém pra te dizer como andar, quantas vezes levantar de uma mesa, que tênis usar, ou até mesmo se você ainda é ou não mais, a mesma pessoa da semana passada. eu me senti bem melhor enquanto ela nao falou nada, não posso ama-la porque somos suspeitos de possuir fronteiras complexas.
me interrompe menina boazinha e disse:"vamos dizer 30 boas razões por que não deveríamos ficar juntas"; eu comecei a dizer coisas como "você fuma", "você mora em Nova Jérsei (tão longe)"; ela começou a dizer coisas como "você pertence ao mundo", tudo o que poderia ter sido facilmente rebatido.cheguei, finalmente cheguei em casa, tirei meu tenis sujo de agua suja.e me deparei com ela.na porta do meu guarda-roupa, onde eu acreditava ser o espelho.

Nenhum comentário: